“Poetas imperianos”, capítulo 7: maior compositor de sua geração, Arlindo Cruz fez grandes sambas pro Império

Categories: Principais

Por: Leonardo Bruno e Gustavo Melo

Extra-15

Sua família era portelense e ele começou a carreira tocando com Candeia, mas Arlindo Cruz acabou entregando seu coração ao Império Serrano. Foi lá que se consagrou como compositor de sambas-enredo. Paralelamente, conseguiu um grande sucesso como cantor e compositor “de meio de ano”, sendo hoje um dos maiores sambistas do país. E até nisso Arlindo é diferente: nos últimos 20 anos, é o único grande nome do samba brasileiro a participar anualmente das disputas nas escolas.

Arlindo Cruz entrou na Ala de Compositores do Império Serrano em meados dos anos 80, quando já fazia sucesso como integrante do conjunto Fundo de Quintal. Sua primeira vitória na escola foi no carnaval de 1989, com o samba “Axé Brasil – Jorge Amado”. Este samba entrou para a história por ser a única parceria no carnaval do trio Arlindo Cruz, Beto Sem Braço e Aluísio Machado, três dos homenageados do “Carnaval Histórico”. Na festa de terça-feira, no Imperator, esse momento será lembrado no palco.

Depois disso, voltaria a vencer no Império em 1993, quando a escola estava no Grupo de Acesso, com “Império Serrano, um ato de amor”. Com o samba de Arlindo, a verde e branco voltou à elite do samba. Em 1996, um novo momento de glória, com o samba “Verás que um filho teu não foge à luta”. A homenagem ao sociólogo Betinho emocionou a Avenida, e o samba de Arlindo Cruz e parceiros entrou para a história da escola da Serrinha. Em seguida, novas vitórias em 1997, 2001, 2003, 2006 e 2007. O mais marcante destes foi “O Império do Divino”, de 2006, o último grande desfile do Império no Grupo Especial.

Em 2012, um momento inesquecível para os imperianos e todos os amantes do samba. A Avenida presenciou o encontro de dois gigantes – unidos pela coroa do Império Serrano. Arlindo Cruz assinou o samba que homenageou Dona Ivone Lara, no desfile “Dona Ivone Lara, o enredo do meu samba”. A Sapucaí cantou em peso o refrão “Dona Ivone / Lara Ia Laiá /Laia Laiá / Laia Laiá”. A ideia era reverenciar Dona Ivone. Mas, ao mesmo tempo, aquelas pessoas estavam aplaudindo a genialidade de Arlindo Cruz.

Um grande caciqueano

Arlindo Cruz é uma das crias do Cacique de Ramos, da turma que ganhou projeção nos anos 80, com o sucesso do pagode carioca. Mas conseguiu um destaque acima da média: com mais de 600 músicas gravadas, é o compositor mais consagrado do samba atualmente, tendo sido gravado por quase todos os grandes nomes do gênero, além de medalhões da MPB. Depois de sair do Fundo de Quintal, no começo dos anos 90, Arlindo fez uma parceria com Sombrinha, que se estendeu por quase dez anos. Em 2003, lança o primeiro disco solo desta nova fase. Mas é em 2007, com o lançamento do CD “Sambista perfeito”, com o sucesso “O meu lugar – Madureira”, que se consolida como grande nome da nossa música.

Deixe um comentário