'BATUQUES DO MEU LUGAR'‘BATUQUES DO MEU LUGAR’

RELEASE  “BATUQUES DO MEU LUGAR” – CD e DVD

Arlindo Cruz é, com certeza, um dos maiores artistas vivos do Brasil. Descendente de uma linhagem musical que está nas origens do samba na Casa da Tia Ciata com Donga, Pixinguinha e Joāo da Baiana, passando pelas rodas de samba promovidas por Candeia, chegando aos pagodes no Cacique de Ramos e o grupo Fundo de Quintal, Arlindo Cruz carrega com propriedade e orgulho o legado das religiões afro-brasileiras. Ele, mais do que ninguém, sabe da magia e da riqueza que há no som dos atabaques.

No Brasil inteiro, nas cidades onde passo e vejo uma roda de samba, são as composições de Arlindo e parceiros que animam a rapaziada. Sucessos gravados desde os anos 70 são cantados um depois do outro garantindo a alegria de todos. Curioso é que só recentemente o público começou a se dar conta da grandiosidade da obra de Arlindo Cruz e, para nossa felicidade, seu nome agora está na boca do povo.

Esse DVD vem celebrar a importância e a influência de Arlindo Cruz sobre geraçōes de músicos brasileiros. Lembro do Caetano Veloso (que nesse DVD canta com Arlindo “Trilha do Amor”) me dizendo logo depois que lhe dei o CD “Sambista Perfeito”: “Nāo consigo parar de ouvir”. E num papo com Seu Jorge (que aqui canta “Suingue de samba”) durante a gravaçāo de “Rio Preamar” (que compusemos juntos): “Arlindo é gênio”.

Aliás, a generosidade é uma marca do compositor. Sāo mais de 500 músicas gravadas por diversos artistas. Nesse DVD ouvimos alguns de seus intérpretes e parceiros mais constantes: como o irmão Zeca Pagodinho com quem canta “Meu Poeta”, “Ainda É Tempo de Ser Feliz” e “Termina Aqui”, com Alcione canta “Quando Falo de Amor”, com Marcelo D2 canta “Sem Endereço”, com o parceiro Sombrinha canta “Da Música” e o super sucesso “O show Tem Que Continuar”, e com o “família” Rogê canta “Suingue de Samba”. E a família está presente não só no sentido amplo da palavra mas tem também aquela de casa, com a participação de sua amada Babi na produção e de Arlindo Neto, seu herdeiro musical, com quem canta sambas enredos acompanhados da bateria de seu amado Império Serrano.

A receita do mestre Arlindo Cruz poderia ser:

Tome um banho de amor/ Quem ama prova da vida o mais doce mel/
O bem que eu quero pra mim quero pra você também/ O bem ilumina o sorriso, também dá proteção/
O mar me chamou pra sambar/ Depois que inventaram a roda, a roda de samba é a maior invenção/
Vou pra batucada que o samba me chamou, nasci batucando na mão da parteira, toco frigideira, cuíca e agogô/

E ele segue amando e sambando, pois:

O show tem que continuar/ Quando a gente ama brilha mais que o sol/

Estevão Ciavatta

 

BIOGRAFIA

Arlindo é músico profissional, exímio nas cordas dedilhadas, sobretudo cavaquinho e banjo. Se não fosse compositor e cantor, poderia viver disso. Suas composições, sempre com interessantes soluções harmônicas e melodias trabalhadas, revelam que foram feitas por um músico (o que no samba, cheio de compositores mais intuitivos que técnicos, é um curioso diferencial).

Logo aos sete anos, o menino ganhou o primeiro cavaquinho. Empolgado com o instrumento, esperava ansioso o pai chegar do trabalho para aprender a tocar. Aos 12 já tirava muitas músicas de ouvido, e, como seu irmão, Acyr Marques, aprendia violão.

Entrou para a escola Flor do Méier, onde estudou teoria, solfejo e violão clássico por dois anos. E já nessa época começou a trabalhar profissionalmente como músico, fazendo rodas de samba com vários artistas, inclusive Candeia, que ele considera seu padrinho musical. Com Candeia, gravou seus primeiros discos, um compacto simples, pela gravadora Odeon, e um LP chamado Roda de Samba (hoje encontrado em CD). Em ambos tocou cavaquinho.

Ao completar 15 anos foi estudar em Barbacena MG, na escola preparatória de Cadetes do Ar. Mas não abandonou a música. Cantava no coral da escola. Começava, então, a nascer o compositor Arlindo Cruz, que ganhou festivais em Barbacena e Poços de Caldas.

Quando deixou a Aeronáutica, passou a freqüentar a roda de samba do Cacique de Ramos, que já revelava novos talentos. Ia todas as quartas-feiras, curtir e aprender ao lado de Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto sem Braço, Ubirani e Almir Guineto. Outros jovens seguiam o mesmo caminho, entre eles, Zeca Pagodinho e Sombrinha – que viria ser seu parceiro.

Os mestres não demoraram a reconhecer em Arlindo Cruz o grande compositor que já se percebia. Logo no primeiro ano de Cacique, teve 12 músicas gravadas por vários intérpretes. A primeira delas foi “Lição de Malandragem”. Depois vieram outros sucessos, como “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione) e tantos outros.

Com a saída de Jorge Aragão do Fundo de Quintal, Arlindo Cruz foi convidado a participar do Grupo. Foram, então, 12 anos de dedicação e sucesso. Neste período, gravou com quase todos artistas do Pagode e deu as músicas mais lindas ao FDQ: “Seja sambista também”, “Só Pra Contrariar”, “Castelo Cera, “O Mapa da Mina”, “Primeira Dama”.

Zeca Pagodinho gravou Bagaço de Laranja, Casal Sem Vergonha, Dor de Amor, Quando eu te vi Chorando. Beth Carvalho transformou em sucessos: “Jiló com Pimenta”, “Partido Alto Mora no meu Coração”, “A Sete Chaves”. Reinaldo gravou “Pra ser Minha Musa” e “Onde Está”.

Arlindo Cruz tem mais de 550 músicas gravadas por diversos artistas e é considerado o responsável pela proliferação do banjo no samba. Arlindo Cruz saiu do Fundo de Quintal em 1993 e começou um carreira solo, logo depois fez parceria com Sombrinha. e anos depois se casou e teve um filho lindo chamado Arlindo também.

A partir de meados da década de 90, Arlindo passou a concorrer nas disputadas eliminatórias de samba enredo de sua escola de samba do coração: o Império Serrano. A primeira vitória foi em 1996, no enredo “E verás que um filho teu não foge à luta”. Arlindo emplacou o hino imperiano também no ano seguinte, mas a escola acabou caindo para o Grupo de Acesso A. Arlindo ainda venceu na Serrinha em 1999, 2001 – samba que ganhou o Estandarte de Ouro do jornal O Globo, 2003, 2006 e 2007.

Arlindo concorreu em 2008 pela primeira vez em outra escola. Ele venceu na Grande Rio no enredo “Do Verde de Coarí Vem Meu Gás, Sapucaí!”. Desde que começou a disputar nas eliminatórias, Arlindo Cruz já venceu 8 vezes!

Hoje em dia Arlindo prossegue em carreira solo, na evolução do samba. Da Madureira do Império Serrano e do Pagode do Arlindo, das rodas de partido-alto de quartas à noite e domingos à tarde na quadra do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, Arlindo Cruz prossegue essa linhagem já lá se vão 30 anos.

Em meados de 2009, é lançado o DVD e CD duplo “Arlindo Cruz MTV Ao Vivo” (DeckDisc), além da celebração de uma obra, a consagração, como cantor, desse compositor que discretamente mudou a cara do samba nas últimas décadas. E mudou a cara preservando a essência, recolocando o samba no rádio, popularizando as rodas de samba, incentivando a rapaziada mais nova a ficar no samba, abrindo diálogos com a chamada MPB e com outros gêneros (como o hip hop, de Marcelo D2), compondo muito e bonito para tudo quanto é cantor ou grupo novo, cultivando todos os gêneros, do partido-alto ao samba-enredo, do samba romântico ao de fundo social. Arlindo fez, nesses 30 anos, um discreto trabalho cultural que este projeto resume e evidencia.

Em 2011, lançou o CD “Batuques e Romances e em 2012, gravou mais um CD e DVD, ao vivo, “Batuques do Meu Lugar” com músicas inéditas e participações muito especiais, como: Alcione, Caetano Veloso, Zeca Pagodidinho, entre outros.