Espetáculo Quando a gente ama (RJ)

Categories: Principais

Postado por Crítica Teatral – Rodrigo Monteiro

Cris Viana ao centro e Vilma Melo (de vestido azul) em belo musical a partir de canções de Arlindo Cruz

Antes de ser um bom musical, é um ótimo teatro!

É uma pena que nem todos os musicais em cartaz no Rio de Janeiro sejam tão bons quanto “Quando a gente ama”. A partir de músicas de Arlindo Cruz (1958), a qualidade da direção musical de Marcelo Alonso Neves, dos músicos e dos intérpretes é grande, mas é menor que a excelente dramaturgia de João Batista, que também assina a direção. A peça não é apenas para familiares e para fãs de Arlindo Cruz, tão pouco só para interessados em conhecer sua biografia. “Quando a gente ama” é sobre o amor em várias de suas facetas, pontos de vista, possibilidades, momentos e, por isso, é para o homem lembrar-se de que é homem, propondo, assim, arte da melhor qualidade. Em cartaz no Teatro Sesc Ginástico, no centro do Rio, a produção tem destaque para Édio Nunes, para Milton Filho e para Wladimir Pinheiro, mas principalmente para Cris Viana e sobretudo para Vilma Melo.

O espetáculo se passa em uma roda de samba, um “pagode”, em um lugar onde moradores de regiões menos favorecidas da cidade se encontram ao fim do dia para beber, encontrar-se com amigos, relaxar. Cada uma das 12 músicas de Arlindo Cruz interpretadas pelo elenco afinadíssimo é antecedida por um diálogo em que dois personagens começam ou terminam uma relação, declaram-se apaixonados ou chegam à conclusão de que o amor já terminou, conhecem-se ou afirmam querer esquecer-se, beijam-se, dançam e brigam. Em cada um desses quadros, cujos personagens nunca se repetem, o amor está exposto de um jeito diferente, mas sempre de forma bastante interessante, cheio de complexidade e de potência, isso graças ao excelente texto e à ótima direção de João Batista, mas também à qualidade dos intérpretes enquanto ótimos músicos, mas também enquanto bons atores. Se, no início, temos personagens mais caricatos, farsescos, cheios de expressividade (destaque para o sempre muito expressivo Milton Filho) e consequentemente dispostos ao riso e à superficialidade, na medida em que o espetáculo vai avançando, temos situações dramáticas mais densas com interpretações mais profundas e não menos, mas talvez mais valorosas. Ao lado de Filho, Cris Viana surge sólida, neutra, segura, firme em uma belíssima cena em que o casal avalia se uma nova chance vale a pena para o relacionamento entre os dois. Depois, Patrícia Costa e Édio Nunes deixam ver um imenso abismo entre os seus personagens que descobrem que o amor já terminou e que findou-se um casamento de mais de dez anos. Nessa cena, há que se notar o peso das palavras, mas também dos silêncios, a forma contida como cada emoção é representada nos diálogos. Próximos do fim, temos o ponto alto de tantos bons momentos da participação de Vilma Melo, então dando vida a uma mulher mais velha que fora abandonada em troca de uma menina por seu jovem amor. A delicada dosagem da emoção faz da personagem dessa cena uma vultuosa figura capaz de tirar o fôlego da plateia mais atenta.

Não só as cenas, mas o como elas se relacionam com as canções fazem de “Quando a gente ama” um grande espetáculo. Embora o esquema se repita doze vezes (um quadro = cena + música), é possível avaliar como bastante positivo o fato da multiplicidade de pontos de vista diferentes sobre o amor nutrir o espectador de interesse por mais e mais. O repertório, bem interpretado pelo grupo, mas sobretudo pelo excelente Wladimir Pinheiro, uma das vozes masculinas mais belas do país, serve de forma natural à expressão dos sentimentos dos personagens construtores das cenas. O resultado é uma galeria bem estruturada e bastante bem defendida.

Com méritos ainda aos detalhes estéticos (cenário de Doris Rollemberg, figurino de Mauro Leite, iluminação de Renato Machado, coreografias de Dani Cavanellas), o espetáculo faz, sim, bonita homenagem a Arlindo Cruz, apresentando-o a quem não o conhece e honrando quem é seu fã, mas merece aplausos da crítica teatral por ser apresentado de forma tão valorosa os signos teatrais bem usados. Parabéns!

*

Ficha Técnica
Texto e Direção: João Batista
Direção musical e arranjos: Marcelo Alonso Neves
Elenco: Cris Vianna, David Junior, Édio Nunes, Jéssica Moraes, Milton Filho, Patrícia Costa, Vilma Melo, Wladimir Pinheiro
Cenografia: Doris Rollemberg
Figurinos: Mauro Leite
Iluminação: Renato Machado
Produção: Sábios Projetos
Realização: Sábios Projetos e Cia Dramática de Comédia

3 Responses to "Espetáculo Quando a gente ama (RJ)"

  1. Marcelo Caminoto de Barros Posted on 11 Dezembro, 2013 at 6:59

    Quando teremos uma apresentação em SP???

    • Dounia Posted on 23 Dezembro, 2013 at 7:02

      Porquea? Apesar de eu pensar que isso e9 cnatamelre “mandar os foguetes antes da festa” pq efectivamente a pessoa sf3 acaba o curso em junho! Mas e9 giro!

  2. Manu Posted on 23 Dezembro, 2013 at 12:21

    muito bem dito, Albertina.ate9 que enfim algue9m fala dessa praga que se3o os planos de rcepuerae7e3o e de acompanhamento… que ne3o se3o mais do que uma forma de desresponsabilizar o aluno pelo seu pouco ou nulo empenho na aprendizagem…mudane7a a esse nedvel e9 urgente.o ridedculo chega ao ponto de em fevereiro, os professores ficarem presos e0 cruzinha que fez ou ne3o fez…dava jeito nessa altura consultar um vidente para saber qual sere1 a evolue7e3o de muitos alunos ate9 junho…

Responder a Marcelo Caminoto de Barros Cancelar resposta